História do escotismo
Baden-Powell tinha desde a infância grande apego pela aventura e pela natureza. Como militar de carreira, conheceu grande parte do mundo, aprendendo muito como várias tribos e povos. Suas experiências em treinar jovens foram muitas boas. A maneira como os jovens desempenharam suas tarefas, seus exemplos de educação, lealdade, coragem e responsabilidade causaram grande impressão em B.P. e isso teve grande influência na criação do escotismo.
Durante uma viagem pela Inglaterra, Baden-Powell viu alguns meninos usando em suas brincadeiras um livro que ele havia escrito para exploradores do exército, que continha ensinamentos sobre como acampar e sobreviver em regiões selvagens. Conversando com seus amigos, ele se entusiasmou e resolveu realizar, em 1907, na ilha de Brownsea, um acampamento com vinte rapazes de 12 a 16 anos, onde ensinou uma porção de coisas importantes: primeiros socorros, observação, técnicas de segurança para a vida na cidade e na floresta, entre outras.
Devido aos bons resultados desse acampamento, B.P. começou a escrever o livro Escotismo para Rapazes, que inicialmente foi publicado em fascículos, vendidos nas bancas de jornal. Os jovens ingleses se entusiasmaram tanto com o livro que B.P., em 1908, resolveu organizar e fundar o Movimento Escoteiro.
Rapidamente o escotismo se espalha por vários países do mundo. Dois anos depois já havia 123.000 escoteiros espalhados nas nações que faziam parte do Império Britânico. Em 1912, a Coroa Inglesa reconheceu a utilidade dessa organização, que prestou relevantes serviços ao país durante as duas guerras mundiais, colaborando nos esforços de mobilização e assistência.
O escotismo foi introduzido no Brasil em 1910, por intermédio de marinheiros e oficiais da nossa Marinha de Guerra que, após entrar em contato com a sede do movimento, em Londres, fundaram o primeiro núcleo no Rio de Janeiro, com a denominação de Centro de Boy Scouts. A partir de 1914, surgiram em outras cidades vários grupos, dos quais o mais importante foi a Associação Brasileira de Escoteiros, em São Paulo, fundada por iniciativa de J.C. Macedo Soares. Esses primeiros núcleos de escotismo contaram com o estímulo de personalidades da época, dentre as quais figuravam Olavo Bilac e Coelho Neto. O movimento, porém, só veio a ganhar amplitude nacional com a fundação, em 1926, no Rio de Janeiro, da União dos Escoteiros do Brasil, que unificou os diversos grupos dispersos no país. A entidade nacional é dividida em regiões, cada uma delas abrangendo um estado ou território nacional.
Em 1920, no primeiro acampamento internacional, que os escoteiros chamam de Jamboree, realizado na Inglaterra, os vinte mil jovens presentes, representando 32 países, aclamaram Baden-Powell, Chefe Escoteiro Mundial.
A vida de Baden-Powell
Em 22 de fevereiro de 1857 nascia em Londres, Inglaterra, Robert Stephenson Smith Baden-Powell (BP). Filho do pastor e professor H.G. Baden-Powell; ficou órfão de pai aos três anos de idade assim coube a sua mãe, Henriette Smith, a tarefa de criar sete filhos, o mais velho com 13 anos e o mais novo com apenas um mês.
Baden-Powell, nos seus primeiros anos de vida, experimentou uma sadia educação, que certamente se refletiu no Movimento que mais tarde criou. Suas primeiras lições foram ensinadas por sua mãe, que se inspirou nos métodos adotados pelo finado marido na educação dos filhos mais velhos. O professor Baden-Powell habitualmente ensinava seus filhos fora de casa, onde quer que fosse, através dos recursos naturais, usando plantas, animais e a natureza como todo. Em casa, fraqueava-lhes sua biblioteca para que pesquisassem e discutissem com ele as dúvidas porventura surgidas.
Baden-Powell cresceu numa família sadia e, em 1870, ingressou no colégio de Chartehouse através uma bolsa de estudos, onde não foi um aluno brilhante, mas extremamente criativo e investigador. Era popular e tomava parte de todas as atividades colegiais, como teatro, desenho, música e futebol (como goleiro da equipe escolar). Foi no colégio que desenvolveu seus dotes teatrais, representando para os colegas, reconhecendo mais tarde o grande valor educacional desta prática.
No bosque, junto ao colégio, Baden-Powell iniciou suas experiências como explorador, rasteando animais e descobrindo por si mesmo maravilhosos elementos da natureza. Posteriormente, com seu irmão, iniciou-se nas atividades marítimas, chegando a viajar num barco montado com tonéis até a costa da Noruega.
Pretendia matricular-se na Universidade de Oxford, mas não conseguiu. Todavia a abertura de um concurso para aspirantes do Exército deu-lhe uma oportunidade e o jovem Baden-Powell foi classificado em 20° lugar na Cavalaria, numa turma de 700 candidatos. Estava aberto o caminho para sua vida de aventuras e glórias.
Como militar, em 1876, foi designado para servir em Bombaim no 13° regimento de Hussardos (R.H.). Durante a sua passagem na Índia, BP dedicou-se em elevar a qualidade dos soldados, propiciando-lhes mais lazer e atividades recreativas, considerando o soldados como um indivíduo em contente evolução que deveria desenvolver permanentemente suas capacidades. Durante dois anos ocupava seu tempo livre desenhando em seu bangalô, atraindo os filhos dos oficiais, a quem ensinava desenhar, assim como canções e jogos.
Após este tempo Baden-Powell adoeceu e foi mandado a Inglaterra, em licença para tratamento da saúde. Restabelecido, retornou à Índia, onde, por seus talentos, perspicácia e qualidades de explorador, foi promovido a capitão, com 26 anos de idade.
Em 1884, as agitações da África do Sul determinaram a transferência do 13° R.H. para a terra dos Bechuanas e novo teatro de aventuras se descerrou para BP. Serviços de exploração e vigilância foram-lhe confiados. Nas horas de descanso, identificava-se com a terra, empreendendo caçadas, excursões, reconhecimentos.
No ano de 1886 foi o 13° R.H. recolhido à Inglaterra. Baden-Powell aproveitou a ocasião para visitar a Rússia, Alemanha e França.
No posto de major, voltou à África em 1888, a fim de tomar parte na luta sustentada contra os zulus. Durante um curto período de férias, fez uma excursão pelo Mediterrâneo e Europa Central, voltando a seu regimento, então na Irlanda, no ano de 1893.
As tropas inglesas da Costa do Ouro, entrando em guerra contra os Achantes, necessitavam de seus serviços. É novamente enviado à África, pacificando a região em 1896. No mesmo ano, em junho, participa, como Chefe do Estado Maior, da campanha contra os Matabeles, o que considera ser “a maior aventura de sua vida”.
Após 21 anos de serviços nos Hussardos, foi promovido ao posto de coronel que lhe dá o comando do 5° Regimento de Dragões da Guarda, na Índia.
Em 1899 foi novamente enviado à África do Sul, onde sua maior glória foi a defesa de Mafeking, quando, dispondo de 1.213 homens, resistiu durante 217 dias ao cerco feito por 6.000 boers, até que recebesse reforços para romper o sítio. Na falta de homens, BP utilizou jovens em funções como estafetas, sinaleiros, enfermeiros, etc. A forma positiva como os jovens responderam à confiança depositada marcou Baden-Powell que recolheu ali a semente que cultivou durante sete anos em experiências cada vez melhores.
Graças aos feitos na vida militar, agora como general, Baden-Powell tornou-se herói em seu país. De volta a sua pátria, BP encontrou meninos utilizando em suas brincadeiras um livro que ele havia escrito para militares, “Aids to Scouting”, que continha ensinamentos sobre como acampar e sobreviver em regiões selvagens.
Em 1907, assentou as bases do Escotismo. Daí em diante, constitui sua preparação principal. Para dedicar-se todo o tempo a essa causa, pede demissão do Exército em 1910, A partir daí, percorre o mundo, visita a Ásia e a América, incentiva o movimento, organizações e associações.
Em 1912, Baden-Powell se casa com Olave St. Clair Soames, que veio a tornar-se a grande incentivadora do escotismo para moças.
Durante a Grande Guerra provou o valor da instituição que criara. E, em 1919, instalou o 1° curso de chefes no campo-escola de Gilwell Park, que é a fonte de toda a formação de chefes.
Em atenção aos relevantes serviços prestados à juventude mundial, com a criação de seu notável sistema de educação, na primeira concentração mundial escoteira, realizada em 1920 em Olímpia, Londres, Baden-Powell foi aclamado “Chefe Escoteiro Mundial”, pelos chefes escoteiros das nações ali presentes, que já tinha adotado o Escotismo. Foi mais uma expressão do caráter mundial do Escotismo, sendo o título, entretanto, de caráter todo pessoal, extinguindo-se com a vida de grande educador.
Não sendo de família nobre, Baden-Powell recebeu por seus serviços à nação, o título de “Sir” e, em 1929, na maioridade do escotismo, foi agraciado com o título de “Lorde”, por sua dedicação à causa da juventude, escolhendo Gilwell para esse título.
Mais de 80 anos de constantes exemplos das virtudes escoteiras fez de Baden-Powell o Chefe. Passou os últimos dias de sua vida na África, falecendo, enquanto dormia, em 08 de janeiro de 1941, em Nairobi, Quênia, ao pé do monte Kilimanjaro, onde se acha sepultado.